Um Rosário de Mentiras
Muitos media internacionais têm-se referido à agressão russa na Geórgia. Isso é uma distorção dos factos. O conflito aceso iniciou-se quando a Geórgia bombardeou a capital da Ossetia do sul de 7 para 8 de Agosto. Só depois disso as tropas russas intervieram.
Recordemos os factos.
No dia 7 de Agosto Saaskashvili, o Presidente da Geórgia, dirige-se à nação e afirma ter declarado cessar fogo unilateral.
“ Desejo declarar “ - afirma ele “ que, horas atrás, na minha capacidade Comandante em Chefe da Geórgia, emiti uma ordem instruindo as unidades da policia e outras forças para não ripostar, mesmo em caso de serem sujeitas a intenso bombardeamento “.
Amor aos Ossetianos
“ Eu amo os Ossetianos como presidente e como cidadão comum “ - afirma Saaskashvili na mesma comunicação à nação, a 7 de Agosto. ( 1)
São marcadas negociações entre Russos, Ossetianos e Georgianos.
De Moscovo parte um enviado russo, com destino à capital da Ossétia do Sul. As negociações estão marcadas para Sexta Feira, 8 de Agosto.
Quem bombardeia o quê.
Horas depois do discurso de 7 de Agosto , a capital da Ossétia do Sul começa a ser bombardeada.
A Rússia irá afirmar que mais de mil pessoas morrem nesse bombardeamento de quinta para sexta feira, de 7 e 8 de Agosto.
Dias mais tarde o Presidente da Geórgia dirá que as suas forças simplesmente respondiam a uma invasão Russa .., mas investigando as noticias das agências noticiosas 7 e 8 de Agosto não é essa imagem que nos fica.
Voz da América.
7 De Agosto de 2008.
Cito
Um ministro do Governo da Geórgia afirmou que as suas tropas capturaram cinco aldeias na região separatista da Ossétia do Sul, e no momento se encontram a cercar a Capital da Ossétia. Despachos anteriores referem que a cidade se encontrava debaixo de intenso bombardeamento proveniente de território controlado pela Geórgia. (2)
Fim citação..
Agência Reuters , 8 de Agosto.
Cito
“ Tropas da Geórgia, apoiadas por aviões fustigaram as forças separatistas nos arredores da Capital da Ossetia do Sul, horas depois de terem iniciado o assalto à região separatista isto após cessar fogo de pouca dura. Armas pesadas da Geórgia bombardearam Tskhinvali cidade onde representantes dos separatistas e funcionários do governo haviam planeado encontrar-se, Sexta Feira, para conversações mediadas pelos russos. Muitas habitações em Tskhinvali encontravam-se em chamas “ 3
Fim citação
Nenhuma das noticias iniciais sobre o conflito ,refere qualquer invasão russa..
É bem curioso notar como, em poucos dias, a Rússia começa a ser caracterizada como sendo o agressor quando não é isso que acontece.
O presidente da Geórgia irá afirmar mesmo (numa entrevista à fox news por exemplo), que a acção militar da Geórgia se deu como reacção à intervenção russa.
Não é isso porém que a análise dos factos nos indica.
Primeiro ocorre o ataque da Geórgia e a seguir dá-se a intervenção das forças armadas russas.
História breve do conflito
Durante quase 200 anos a Geórgia faz parte da Rússia.
Em 1991 esta declara independência. Perante a secessão da Geórgia os habitantes da Ossétia do Sul, por seu lado, declaram também a sua própria independência.
Entre 1991 e 1992 trava-se guerra entre a Ossétia do sul e a Geórgia. Em 1992 é realizado acordo entre as partes e é estabelecida uma força de paz para a província composta por Russos, Ossetianos e Georgianos. Uma tranquilidade relativa reina no território entre 1992 e 2004.
Com a ofensiva de 7 de Agosto que tem como objectivo retomar o controle da província por parte do Governo Central, é o Presidente Saaskashvily da Geórgia que quebra o Status Quo e inicia ofensiva militar maciça com vista à resolução do conflito por meios violentos.
Os militares Georgianos procuram reocupar pela força o controle de província.
E a Rússia responde a essa intervenção militar tomando o partido da parte mais fraca.
Conclusão e nota final
O presidente da Geórgia licenciou-se nos Estados Unidos. Domina o inglês perfeitamente. Tem um sentido apurado do poder da comunicação social e conseguiu assim o impensável.
Primeiro atacou a Ossétia do sul, depois fez-se de vitima e conseguiu o apoio da Europa , da América e do mundo. Como ele mesmo afirmou dias atrás , a questão da Geórgia, Ossétia era algo desconhecido para o Ocidente anos atrás . Mas hoje está no centro das tensões internacionais.
Para mal de todos nós.
Nota Final.
Se a crise da Ossétia não estivesse a provocar as maiores tensões na Europa desde há 30 anos um observador imparcial seria levado a dizer que toda a história é uma charada.
O leitor já reparou que o líder da Geórgia aparece regularmente com uma bandeira da União Europeia por trás.., sendo que não consta que o país seja membro da união?
Quando em Moscovo um repórter russo interrogou a chanceler Merkel acerca desta questão, ela ignorou a pergunta.
A Geórgia obteve a adesão à U. E. mais rápida da historia. O presidente colocou bandeira da união no gabinete e já está.
Nem a chanceler alemã se atreveu a criticar ou comentar o facto de Saaskashvily se apresentar ao mundo como presidente de um país membro da união, sendo que o seu país não faz parte da mesma.
Isto é :
Nem a Geórgia é membro da EU, nem o conflito se iniciou com a invasão russa deste país .
Não obstante estes factos indesmentíveis o presidente Saaskashvily apresenta-se perante o mundo como se o seu país fosse membro da união e diz a quem o quer ouvir que o seu país se limitou a responder a invasão russa que não existiu.
Para além disto o ilustre personagem , a 7 de Agosto, declara cessar fogo que viola horas depois , e declara o seu amor à cultura da Ossétia mas bombardeia a sua capital, horas depois.
É demais.
1 Saakashvili’s Televised Address on S.Ossetia
Civil Georgia, Tbilisi / 7 Aug.'08
2 Georgian Minister says Georgian Troops Surrounding South Ossetian Capital By VOA News 07 August 2008
3 Georgia attacks breakaway capital Fighting deepens fear of full-blown conflict in region By Margarita Antidze Reuters / August 8, 2008
PS
Dia 31 de Agosto Gordon Brown publica um artigo intitulado
"Assim faremos frente à crua agressão russa ".
O Primeiro ministro britânico expõe depois as suas ideias de como responder ao comportamento da russia na Geórgia.
Por uma ironia do destino é publicado no mesmo dia uma noticia do Der Spiegel Alemão.
Este jornal refere que os observadores da organização de segurança na europa colocados no terreno referem que quem atacou primeiro foi a Georgia e não a Russia.
Cai assim por terra a alegação, o pressuposto de Gordon Brown de que a Russia teria sido a agressora.
Abaixo segue noticia traduzida.
Observadores da OSCE responsabilizam a Georgia pelo conflito.
Hamburgo
O Jornal Der Spiegel alemão refere que observadores europeus responsabilizaram a Georgia por o conflito que ocorreu este mês no Caucaso , afirmando que esse país realizou planos elaborados para conquistar a Ossétia do sul.
Num relatório que deverá ser publicado na segunda feira dia um de setembro , afirma-se que funcionários da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa disseram que accões do governo Georgiano contribuiram para o despoletar da crise com a Rússia.
Observadores militares da OSCE no caucaso descrevem os preparativos militares da Georgia para invadir a Ossétia do Sul.
A ofensiva iniciou-se antes da entrada dos veiculos militares russos na Ossétia do sul .
A OSCE também relata casos suspeita de crimes de guerra praticados pela Georgia , incluindo a ordem de bombardear civis da Ossétia do Sul enquanto estes dormiam
fim citação.
Spiegel said OSCE military observers in the Caucasus had described preparations by Georgia to move into South Ossetia.
The onslaught had begun before Russian armoured vehicles entered a southbound tunnel under the Caucasus Mountains to South Ossetia.
It said the OSCE report also described suspected war crimes by the Georgians, including the Georgians ordering attacks on sleeping South Ossetian civilians.
OSCE observers fault Georgians in conflict
Europe News
Aug 30, 2008, 9:52 GMT
Hamburg - European observers have faulted Georgia in this month's Caucasus conflict, saying it made elaborate plans to seize South Ossetia, according to the German news magazine Der Spiegel on Saturday.
In a report to appear in its Monday edition, it said officials of the Organization for Security and Cooperation in Europe (OSCE) had said acts by the Georgian government had contributed to the outbreak of the crisis with Russia.
Spiegel said OSCE military observers in the Caucasus had described preparations by Georgia to move into South Ossetia.
The onslaught had begun before Russian armoured vehicles entered a southbound tunnel under the Caucasus Mountains to South Ossetia.
It said the OSCE report also described suspected war crimes by the Georgians, including the Georgians ordering attacks on sleeping South Ossetian civilians.
<< Home