10/28/2006

Véu cai sobre muitas mulheres no Iraque



Em Baghdad uma muçulmana compra um véu ,quarta feira passada. Muitas das mulheres que antes se vestiam num estilo ocidental começaram a cobrir a cabeça com véu, outubro 2004.


Após a queda de Saddam em 2003 a pressão para que as mulheres iraquianas se adaptem aos costumes tradicionais do Islão tem aumentado brutalmente.
Em 2005 várias personalidades femininas iraquianas proeminentes são assassinadas.
Numa auto estrada perto de baghdad foi encontrado o corpo da farmaceutica e activista dos direitos humanos Zeena Al-Qushtaini , dez dias após ter sido raptada da sua farmacia.
Al Qushtaini tinha dois buracos de bala junto dos olhos, noticiou a reuters
No Sul do Iraque as mulheres também são forçadas a adaptar-se às novas regras .

Do Blog Baghdad em Chamas.


Um Verão de Despedidas


Para mim junho foi o primeiro mês em que deixei de me atrever a deixar a casa sem véu.
Não costumava usar a cabeça coberta mas deixou de ser possível atravessar Baghdad sem o fazer.
Andar de cabeça descoberta na rua ou mesmo dentro de um carro.., põe quem o faz e à familia em risco.
Pode-se ouvir algo que se não gosta e isso pode provocar rixa entre quem nos acompanha e quem nos insultou.
Hà muito tempo que não conduzo.
Mulher que o faz pode ser atacada.
Olho para as minhas roupas antigas - as calças , as T shirts e as saias garridas - e é como se estivesse a olhar para outra era, para um país diferente daquele onde hoje vivo.
Houve um tempo - anos atrás – em que se podia usar o que se desejasse desde que se não fosse a um lugar publico. Se se fosse a casa de um amigo.., ou de um familiar podia-se usar umas calças de Ganga..,ou outro tipo de calças ou camisa.
. Já não se pode fazer isso. Hà sempre o perigo do carro onde seguimos ser obrigado a parar e nós sermos sermos obrigados a parar e revistadas por esta ou aquela milicia.
Ainda não existem leis que nos obriguem a cobrir a cabeça mas existem os homens de negro da cabeça aos pés e os de turbante..,
os extremistas e fanáticos que foram postos em liberdade pela ocupação e a certo ponto cansamo-nos da nossa atitude de desafio.
Deixamos de querer ser vistas.
Com o véu que enrolo em torno da cabeça ao sair para a rua , sinto-me em boa medida invisível.
Com ele é mais fácil fundirmo-nos com a massa de gente embrulhada em roupas negras. Se se é mulher não se deseja atrair as atenções. . Não se deseja atrair a atenção da policia iraquiana , não se deseja atrair a atenção da milicia vestida de negro , não se deseja atrair a atenção do soldado americano.
Nada tenho contra cobrir-se a cabeça desde que isso seja feito de livre vontade.
Muitos dos meus amigos e familiares usam o Hijab.
A maior parte deles começou a fazê-lo depois da guerra.
Começaram a usa-lo para evitar chamar a atenção e para evitar problemas e continuam a usá-lo .
O que está a acontecer a este país ?
Só quando em meados de julho , uma amiga minha me veio dizer adeus antes de emigrar , eu me apercebi quão comum o hijab se havia tornado.
Com o irmão atrás de si , ela entrou em minha casa queixando-se do calor e da viagem.
Só no fim da sua visita me apercebi do peculiar da situação.
O sol punha-se e a minha amiga pegando no véu cuidadosamente dobrado a seu lado prepara-se para partir.
Enquanto me contava o caso de um vizinho que havia sido morto.., ela pega no véu , abre-o com um floreado.., coloca-o na cabeça como uma profissional..., e fixa-o por debaixo do queixo como alguém que o tivesse feito centenas de vezes.
Tudo isto sem ter um espelho à frente.
Nada disto seria de espantar.., se a minha amiga não fosse cristã.
Se ela que é cristã não tem problemas em usar o véu , também eu o posso usar.


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